terça-feira, 21 de julho de 2009
O Velho e a Moça
não se perde no desalento de uma dor
e o que escapa nesse pranto derradeiro
é a medida certa, a espera que te cerca
e se agora a morte soa, tal como erva daninha
não se espante que um dia te encantes
no reencontro de um pai e sua doce filha
*poema à uma filha dedicada, em luto dada a morte de seu pai
**escrito em 20 de julho de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
O Sonho no Homem
"Céu de anil
Véu de estrela a guiar
Cometa atravessa o luar
Moinho incessante a girar
E eu no ar
Mordendo nuvens de algodão
Dançando feito um barão
Cruzando a imensidão"
(O Sonho de um Homem Ridículo, trecho de composição minha)
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Obra em Progresso
Henri e Eu
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Surrealismo Caótico V.S. Realismo Apático
Enquanto a viagem de Rabello Catavento e Henri Salinas Matisse busca um eixo em minha mente, me manifesto verbalizando em arte de diversas maneiras a fim de encontrar o eixo, acima de tudo, em mim mesmo.
MORENAConfeccionada em pastel sobre superfície encontrada no lixo
SELVAGEM NO PINDORAMA
sexta-feira, 1 de maio de 2009
PROCURA-SE A MINHA SUBJETIVIDADE!!!
Catarina, a senhora de minha poesia e meu grande amor, compreende em mim uma fatia imensurável. Pois respiro, sinto e com ela me comunico sem a tangibilização destes sentidos nos muros de concreto do espectro físico e mundano.
Será isso a subjetividade?
Assim como cataventos e matisses desenham-se em meus pensamentos através de olhares que estabeleço, por quê não o amor?
Será a subjetividade o pensamento configurado tangibilizado a uma realidade "cotidiana"? Será isso a arte? Afinal, se a poesia nasce do sentimento humano e este estabelece olhares fruto de experiências vividas, creio, por fim, na subjetividade como uma maneira mais profunda e dígna de se perceber a realidade!
Logo, se Kandinsky se faz tão íntima, clara e viva à mim concluo sorridente que esta doce menina de confetes, arpejos de violões, marcações de cena e beijos molhados é a subjetividade que eu sempre busquei e, hoje, nela me abrigo.
A subjetividade de Rabello e Catarina por Catarina Kandinsky:
Naquele dia eu decidi fotografar. Saí, câmera nas mãos, em busca de situações, ângulos e pessoas diferentes. Eu não queria uma foto comum, mas uma imagem inspiradora, que dissesse mais do que a palavra seria capaz. Mas não havia nada lá fora. Não conseguia capturar com a minha lente nada sequer parecido com o que eu buscava. Todas as fotos me pareciam repetições, negativos de fotos já existentes. Era a primeira vez que me aventurava como fotógrafa, era natural que eu repetisse padrões. Mas eu precisava captar um olhar diferente...(olhar de interesse, estranhamento) Eu vi um homem parado no meio da calçada, olhando para os carros que passavam, olhando para além dos carros que passavam. Primeiro estranhei, depois...de repente me dei conta de que ele era a subjetividade que me faltava. De frente para ele, apertei o botão: CLIQUE. E quando olhei de novo ele já não estava mais ali. E eu não sabia mais como ele era, então ele talvez ainda estivesse ali, de pé, de costas. Como eu iria saber? Eu precisava falar com ele. De alguma maneira que desconheço esse homem mudou a minha vida, o meu modo de ver as coisas. Quando ele sumiu, me senti vazia. Perdi a matéria-prima da minha fotografia, a subjetividade. Revelei a foto ainda naquela tarde e passei a procurá-lo em cada rosto que eu via. Espalhei cópias da foto pela cidade inteira com um apelo: PROCURA-SE A MINHA SUBJETIVIDADE. Ninguém telefonou. Os cartazes desapareceram misteriosamente. Eu sabia que era ele. Por quê ele sumiu de mim assim? Era o flash. Era o piscar de olhos que o fez desaparecer. Eu espatifei a câmera e queimei os destroços, porque eu pensei no que os índios pensam, que a fotografia aprisiona a alma do fotografado. E, no entanto, quem perdeu a alma - e a calma - fui eu. Será que eu o matei? Ou será que eu morri? Definitivamente, eu jamais serei a mesma.
A subjetividade de Rabello e Catarina por Rabello Catavento:
Confetes de Kandinsky
Confetes de Catavento
Pano de Guardar Confetes
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Parênteses na "Realidade"
Chega a madrugada. Henri apagado em guimbas de cigarros Kingston e arrotos de fonemas breves e desalinhados.
Vento espancando as janelas da sala. Impaciente vagando por cada cômodo eu a sentia em cada extremo, tangibilizando a noção de movimento e cor, de harmonia e música... Como uma tela de Kandinsky.
Pincel, pastel, papel encontrado no lixo, o processo se prolonga em horas...
"Saudades, sua Maria" foram as palavras dela.
Henri Salinas aos roncos não parecia estar muito envolvido nos planos por mim tramados, espero que ele leia isso caso acorde no meio da madrugada.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Madrugada de quarta, 22 de abril de 2009
FOZ
(Catarina Kandinsky)
Levo comigo a imagem da tua voz
Que me aponta, ilumina o caminho.
Teu olhar derrama como foz
E me lança dentro do rodamoinho.
Tuas mãos me fizeram mulher.
Tuas palavras me conduziram
Ao mundo e seu infinito saber
E aos mistérios que emergiram.
Hoje eu quero ser a senhora
Da minha vida, do tempo-agora,
Pra poder levar do meu ninho
A tua Poesia sonora,
A tua Luz de aurora,
A suavidade do teu carinho.
ESTUÁRIO
(Rabello Catavento)
Leito do estuário sem fim
Sou afluente, posto que tua existência,
Navega em três rios dentro de mim:
O Amor, a Arte e a Experiência.
No primeiro eu sou ingênua embarcação
Que naufraga e ressurge desatenta,
Desaguando no segundo em revirão
Desbravando oceanos de tormenta.
No terceiro conduzi a nau errante,
E por léguas combati os meus anseios.
Pelos mares, inconstante fui gigante,
E no cais me refugio em devaneios.
E a senhora que minha poesia leva,
Ancorado estou no porto à sua espera
sábado, 18 de abril de 2009
Madrugada de sexta-feira, 17 de abril de 2009
Nossos Heróis rumo ao Pindorama
Viagem turbulenta, motor cuspindo óleo no Oceano Atlântico. Os dois desbravaram os ceús até chegar ao Pindorama. Aterrisam no litoral com a fome de colonizadores de um Novo Mundo bem diante de seus olhos. Os nativos desnudos com corpos esculturais os recebem como celebridades de Hollywood. Os jornais da manhã seguinte anunciavam: Aviadores franceses das areias do Saara as de Copacabana!
Os dois viraram celebridades o que facilitaria a inserção de dois viajantes loucos que caíram quase que literalmente de pára-quedas na Terra Brasillis. Coluna social, festa de socialites, eventos beneficentes e até chave da cidade eles já possuíam.
Duas semanas depois eles já não eram mais nada além de dois turistas desconhecidos na cidade. O contato relâmpago com a elite carioca os garantiu, ao menos, trabalho nas estufas de plantas no Jardim Botânico, posições pleiteadas por Henri, que detivera grande intimidade com sementes e plantas em sua infância.
Meses depois a idade pesa ao corpo de Dumont dos Santos Exupery. Que em uma de suas longínquas conversas com as rosas de sua estufa, desperta para a enternidade.
Nesse momento a história de Henri Salinas Matisse começa a se aproximar da minha...
Teorema II
Se a vida é falha quando a morte lhe encara
E a morte lhe salva de uma vida escassa
Pergunto instigado, porém hesitante:
- Será a morte o início, o fim ou o meio?
Madrugada de quinta, 16 de abril de 2009
Matisse de Frente para Revolução
Descontente com o trato dado aos nativos e após uma série de atentados anti-árabes desencadeados por colonos direitistas Matisse escapa de seu posto militar e funda a Frente de Libertação Nacional (FLN), afim de lutar pela independência Argelina. A FLN responde com atentados nas cidades e guerrilha nos campos. Em 1958, com o Golpe Militar na Argélia, Henri, agora um rebelde, é torturado e exilado juntamente com outros companheiros que fundam a cidade do Cairo, no Egito.
Em tempos de Guerra Fria, corrida armamentista, Charles de Gaulle no poder em 59 juntamente com o homem na Lua e tantas outras ocorrências emblemáticas, históricas e muitas vezes cruéis ao redor do globo terrestre Matisse encontra-se enclausurado, distante de sua arte, desesperançoso e doente do mundo. Proclama seu próprio exílio no deserto do Saara, no intuito de encontrar na solidão seu maior resguardo. Para sua surpresa, em sua árdua viagem depara-se com um avião afogado no mar de areia do deserto africano. Eis que surge Dumont dos Santos Exupery, um desbravador dos céus sufocado pela grandeza e poder dos imensos balcões de areia do Saara. Exupery não lembrava como fora parar ali, apenas falava insessantemente de um pequeno amigo que fizera no tempo em que permanecia no deserto. Definhava-se em lágrimas derradeiras pelo amigo que se fora, num ritmo bucólico e inconstante, alegre e completo pela plenitude de compartilhar, mas angustiado e triste pela falta que lhe consumia.
Salinas ajuda no conserto do motor do avião no qual Dumont já trabalhava a mais de 6 anos. A amizade entre os 2 se fortalece e Henri parece trazer novamente o sorriso à Exupery. Falavam de todo tipo de coisa iluminados pelo véu de estrelas que cobriam o Saara. Decidem juntos partir para o sul do continente americano decididos a fugir dos pólos de descontentamento declarados na Europa, África, União Soviética e Estados Unidos.
Madrugada de quarta, 15 de abril de 2009
Madrugada de terça-feira, 14 de abril de 2009
Cassavas e Ancelmo, Quixote e Sancho, Principito e O Aviador, Holmes e Watson, Vincent e Gauguin, Tin tin e Bilu, Tom e Vinícius, dentre outros. Não poderia ser diferente com Catavento, ainda mais com as notícias maravilhosas que chegam por sinais de satélite nessa rede espantosa e colaborativa na qual estamos enclausurados(?). Heróis e amigos são denominações muito próximas, na minha percepção de fato que são. Acredito na minha existência por poder compartilhá-la. Contar insaciavelmente de minhas andanças e conjurar nossas andanças, meu amigo, me movimenta! Sem mais delongas, reconheço Henri Salinas Matisse, um verdadeiro sábio, performático, atrapalhado, abobalhado (às vezes) e de uma inteligência escrota (não há palavra mais adequada, desculpe-me o Sr. Aurélio!). Um discreto degustador de cachaça com uma origem extremamente única e características um tanto quanto desconhecidas por todos.
Madrugada, manhã e noite de domingo, 12 de abril de 2009
Era meados de dois mil e oito, a lembrança me afagava com certezas maravilhosas e dúvidas tempestuosas. O amor ali se fazia e se encarnava, definitivamente, na mundana Doce Maria. Nas mulheres sempre me escaldava e balbuciava terno e errante, com passos firmes e o olhar sempre a frente e ao longe. A armadilha da vida, as escolhas por nós tramadas. A mulher que me amava, bela e doce (como Maria), suja e humana (como eu) esperava atenta aos sinais de alerta de minha chegada. Mas eu nunca chegava... Até a data mencionada. Esta mulher me destinou às artes (não apenas ela), mas enraizou em minha carne interesses e novos olhares que, hoje, me consomem abrasivamente.
Eu nunca fui realmente interessado em literatura, teatro, cinema, música, poesia. Na verdade eu nunca procurei essas coisas. Mas ao longo dos meus vinte e poucos anos aventurei-me por pequenas ruas, de vagabundos, prostitutas, bêbados equilibristas, e poetas tristes, e poetas felizes; e pessoas simples, simplesmente felizes na sua própria humildade e simplicidade. Pois é nessa gente que nos encontramos mais perto de entender nossa própria existência. São nelas que a arte se dá, e em versos se proclama a rima; a espinha esfria; o pêlo arrepia. Aos miúdos tudo isso foi se configurando dentro de mim. E assim, consumido, de miúdos em miúdos, n’um dia, hora, instante qualquer, tornei-me músico, e posteriormente poeta. Mas ‘consumido’ não tal qual um parasita. O parasita se apropria, usufrui e segue. Apenas deixa rastros na relva, resíduos de folhas secas, pisoteadas ao longo do caminho. A arte não. Esta rasga, fere, entorpece; e dá movimento, beleza, confusão, clareza. E o que é a vida senão uma imensa miscelânia de sentimentos, estes nos quais o fio condutor é sempre o sofrimento e a angústia. E só digo isso pela qualidade de meu ofício. Sou poeta. Sigo a pé, “pisando a terra e olhando o céu preso pelos extremos intangíveis” - assim já dizia o maior dos pequenos poetas.
Na poesia, hoje, consolido um matrimônio. Amor eterno, confortante. O teatro invadiu-me impuro, sem véu ou lua de mel. Despertou a fugacidade de uma paixão errante, derradeira. Sem hora marcada invadiu minh’alma por detrás dos olhos verdes de uma menina-mulher, uma mulher-menina.
É por ela que eu clamo, me configuro e desconjuro as estrelas sem o menor temor. Estou vivo, atento, percebendo o mundo no bater dos calcanhares no solo, no ranger das portas, nas intortuosas conversas com ela... a mulher que me amava. Fez por mim o que ninguém jamais foi capaz. Lançou-me à espectros irreconhecíveis até então, e na medida em que eu crescia, vivia, sentia, mais eu me reconhecia por detrás dos olhos dela, através de sua alma. E em silenciosas palavras trocadas em lugares por nós nunca antes visitados.
Eu não disse que a arte à mim era uma desconhecida. Já compunha e destilava lamentos em versos de poemas e estrofes de canções embuídas de sentimento. Mas ela... com ela é diferente! O contato com a literatura e o teatro jorraram novas afluências em meu ser, inseriram-se novas premissas em minha maneira de fazer, ver e reconhecer minhas próprias criações. Minha música já respondia a ela antes mesmo de eu me permitir amá-la mulher, já a acariciava com versos brandos de quem a acompanhava e alimentava. Eu a entendia, entendo e sempre irei entendê-la. Foi em seu “pano de guardar confetes” que eu cantei às 4 paredes de sua casa os confetes que compus com tanto zelo. Ela sabia e ainda sabe que apenas eu enxergo dentro dela.
Cassavas é isto para mim, em parte meu amor eterno por panos de guardar confetes e gemidos ternos desbravando a pulsação penetrante de um sentimento simples e incrivelmente complexo, e minha busca incessante por entender o meu lugar nesse vasto mundo (ao lado dela, sempre) alçando vôo em balões de ar quente e harmonias e estrofes de um violão errante.
Pedro Cassavas é a eterna negação de uma juventude, tal como ele, perdida e despropositada. É a tentativa de romper com um diagnóstico cada vez mais certeiro, de que nós, jovens, hoje estamos a serviço de um presente alarmante e um futuro sem sonhos. Ainda assim Pedro Cassavas é o sonho, o arrepio, a capacidade de enxergar a beleza no singelo, no que se cala, no que está presente mas se ausenta. Por fim, este "nobre" rapaz, nada mais é do que uma fração de cada um de nós, possuídos no nosso próprío ego, desprovidos de uma crítica dissonante e ainda assim, mesmo que aparentemente calados, distantes, é a eterna canção errante que nos diz que é possível acreditar em um final feliz!!! Fechem os olhos, vamos decolar!
Tijolos Amarelos
(Rachel Rabello ou Doce Maria ou Catarina Kandisnky)
Viverá rodeado de amigos bêbados e felizes, que o amam e admiram; passará o resto dos seus dias em bares escuros da Lapa apresentando obras que serão reconhecidas, com o tempo; fugirá dos compromissos que o sufocam com um cigarro na mão e uma argumentação na boca, racionalizará, só pra depois descobrir que certas coisas são pra ser assumidas e arriscadas. Pulará no abismo do agora.Cairá num balão multicolorido e voará sem um destino pré-definido, e, assim, noites passarão e dias tornarão a nascer, num ciclo intenso, igual e completamente mágico.
À deriva, talvez precise de um empurrão ou outro pra se lembrar da música que dizia sobre ter pra quem voltar. A incerteza do futuro não me deixa pensar que eu estarei de luto, esperando no cais, como as portuguesas que acenam para os maridos pescadores, mas prometa que voltará e eu te esperarei com a expectativa de ouvir uma história mirabolante e de criar, finalmente, a nossa história mirabolante.
Sem promessas, a promessa da sua vida ainda está por vir e tantas coisas aparecerão e desviarão os nossos caminhos que seria egoísmo pensar em nós dois, apenas em nós dois. Seremos artistas do mundo e, justamente por pertencermos a todos, teremos a certeza de que pertencemos a nós mesmos e em todos os silêncios posteriores a cumplicidade do nosso olhar nos salvará: amar é isso, salvar e ser salvo. Mas você não quer ser salvo, então você se entregará sem se entregar, como quem vai a um banquete, come de tudo e ainda sai com fome, sentirá o vazio no peito e a dor provocada e o preencherá da maneira mais mundana e garantida: enquanto sente o gosto amargo do álcool pensará em esquecer e esse pensamento constante só o lembrará mais do vazio que o consome e a idéia de solidão invadirá e nada, nem mesmo a multidão que assistirá os seus shows, acabará com a solidão daquele momento. Então sorrirá, dará gargalhadas de doer a garganta porque verá que nunca se sentira tão vivo quanto ali, aí sim o balão estará sem controle e começará a girar, a girar e a girar, como o bar sujo em que você estará e perceberá que mesmo rodeado de amigos bêbados e felizes, você sempre esteve sozinho.
Acenderá um cigarro e começará a andar.
Novas proposições vêm a mim diariamente e dilaceram meu cerne, o qual não consome de forma tão eficiente tantos clarões em minha mente. Orquestras industriais, confrarias de artistas circenses, telas companheiras, amigos de revirão, revirão de amigos, projeções em quadros semi-estáticos em semi-movimento, histórias fantásticas, paródias, hermanos, hendrix, portinaris, degas, goya, tarsila, abaporu comendo gente, lua cris e panelas em parvo escarcéu, barravento, catavento, gerúndios, infinitivos, infinitos, arte em LCD, arte em papel maché, pequenos príncipes, rosas, meu eterno herói de megafone no fronte do picadeiro (o herói dos marginais contemporâneos)... É tanta a convulsão e vasta minha insensatez que o tempo me some, esvaíndo-se, escasso e impaciente. Muitas vezes irritante.
Uma alegria, hoje, me desperta. Após anos, quase milênios, reconheço-me como artista. Artista da vida, do mundo, da curiosidade infantil e maravilhosamente ingênua na qual não detenho as ferramentas mas concretizo. SIM! Concretizo puro e fiel aos meus verdadeiros anseios e dentro de minhas capacidades.
Devo isso a meu herói marginal e seu circo (e ela claro!).
Este herói batizou em minha vida cotidiana novas formas de agir e pensar; conversas longínquas em varandas sob o luar me fizeram mais completo e sabedor de que tenho um amigo para compartilhar todas as magníficas e cruéis (des)graças de ser um artista, de pensar mais, confundir-se à todo momento e girar, girar, assim como a menina que fala dos tijolos amarelos. Há também Nina, que me assombra pela casa quase que constantemente e derradeiramente me mostra a falta que tenho com o mundo, a saudade e identificação que tenho dela e seus cavaletes e órgãos alemãos encostados na parede; e festas lotadas de pessoas gigantes (eu ainda próximo aos joelhos). Socialytes instigantes ornando jóias e exalando perfumes francêses.
Teorema
Quando eu me via
Eu não lhe tinha
Quando eu lhe tinha
Eu não me via
Será que a soma das partes é, inevitalmente, a diferença que acolhe a semelhança entre as mesmas?
Sucumbe em mim cada vez mais a noção da liberdade, pois qualquer pensamento que afronte o balão que carrego no bolso não está mais disposto que eu a atravessar as interrogações inerentes a andar por aí. Acredito que umas das transições foi feita, apesar de ainda preso a donzela do sonho e dos confetes, de certa maneira esta prisão me movimenta e me faz mais artista, mesmo que à distância.
Todo esse falatório na verdade foi deflagrado por uma simples idéia, na medida em que desenvolvia conceitos estéticos para minha confraria de músicos, linhas de identidade visual em LCD, no tati-bitate do relógio na madrugada e na tipografia bicolor na qual eu brincava começaram a surgir nomes, referências, clamores de grandes pintores. Vieram à mim Cassavas e Dostoievsky com suas Histórias Fanfásticas e penso: Por quê não criar minhas próprias histórias fantásticas? Seja lá para quem for, parece-me sensato fazer isso.
Eis que surge uma promissora idéia literária: a Novela Vaga, referenciando a ‘nova onda’ francesa. E dessa promissora sacada um outro pseudônimo que acredito responder mais por mim, tendo em vista tudo o que eu falei nas linhas que se antecederam. Rabello Catavento nasce, um viajante curioso desbravando o cotidiano de cidades do mundo e conhecendo grandes figuras em diversos países. Começo a trabalhar com a idéia dos nomes dos personagens buscando identidades em momentos da pintura e características humanas. Inicia-se o troca-troca de nomes e codinomes, tal como:
edgargoya joaquimabaporu catarinakandinsky
Rabello Catavendo ao longo de suas tenra jornada irá cruzar capítulo por capítulo com cada um dos personagens a serem desenvolvidos até chegar ao último capítulo entitulado com seu nome no qual descobre o motivo de toda sua caminhada. O enredo se desfaz em poemas, romance, música, vídeo e artes plásticas montando uma convergência imensa entre todas essas ferramentas.
Integrar-se-ão artistas para compor tal obra e trazer a universalidade de cada pensamento.
Fechem os olhos, vamos decolar!