Enquanto Salinas e eu não nos reconhecemos na história, vem a mim Catarina Kandinsky envolta em confetes e perguntas, perguntas e mais perguntas.
Catarina, a senhora de minha poesia e meu grande amor, compreende em mim uma fatia imensurável. Pois respiro, sinto e com ela me comunico sem a tangibilização destes sentidos nos muros de concreto do espectro físico e mundano.
Será isso a subjetividade?
Assim como cataventos e matisses desenham-se em meus pensamentos através de olhares que estabeleço, por quê não o amor?
Será a subjetividade o pensamento configurado tangibilizado a uma realidade "cotidiana"? Será isso a arte? Afinal, se a poesia nasce do sentimento humano e este estabelece olhares fruto de experiências vividas, creio, por fim, na subjetividade como uma maneira mais profunda e dígna de se perceber a realidade!
Logo, se Kandinsky se faz tão íntima, clara e viva à mim concluo sorridente que esta doce menina de confetes, arpejos de violões, marcações de cena e beijos molhados é a subjetividade que eu sempre busquei e, hoje, nela me abrigo.
Vejo que a ela respondo da mesma maneira e, portanto, esboço aqui o dia em que Rabello Catavento e Catarina Kandinsky se esbarraram, e tanto um quanto o outro, jamais foram os mesmos.
A subjetividade de Rabello e Catarina por Catarina Kandinsky:
Naquele dia eu decidi fotografar. Saí, câmera nas mãos, em busca de situações, ângulos e pessoas diferentes. Eu não queria uma foto comum, mas uma imagem inspiradora, que dissesse mais do que a palavra seria capaz. Mas não havia nada lá fora. Não conseguia capturar com a minha lente nada sequer parecido com o que eu buscava. Todas as fotos me pareciam repetições, negativos de fotos já existentes. Era a primeira vez que me aventurava como fotógrafa, era natural que eu repetisse padrões. Mas eu precisava captar um olhar diferente...(olhar de interesse, estranhamento) Eu vi um homem parado no meio da calçada, olhando para os carros que passavam, olhando para além dos carros que passavam. Primeiro estranhei, depois...de repente me dei conta de que ele era a subjetividade que me faltava. De frente para ele, apertei o botão: CLIQUE. E quando olhei de novo ele já não estava mais ali. E eu não sabia mais como ele era, então ele talvez ainda estivesse ali, de pé, de costas. Como eu iria saber? Eu precisava falar com ele. De alguma maneira que desconheço esse homem mudou a minha vida, o meu modo de ver as coisas. Quando ele sumiu, me senti vazia. Perdi a matéria-prima da minha fotografia, a subjetividade. Revelei a foto ainda naquela tarde e passei a procurá-lo em cada rosto que eu via. Espalhei cópias da foto pela cidade inteira com um apelo: PROCURA-SE A MINHA SUBJETIVIDADE. Ninguém telefonou. Os cartazes desapareceram misteriosamente. Eu sabia que era ele. Por quê ele sumiu de mim assim? Era o flash. Era o piscar de olhos que o fez desaparecer. Eu espatifei a câmera e queimei os destroços, porque eu pensei no que os índios pensam, que a fotografia aprisiona a alma do fotografado. E, no entanto, quem perdeu a alma - e a calma - fui eu. Será que eu o matei? Ou será que eu morri? Definitivamente, eu jamais serei a mesma.
A subjetividade de Rabello e Catarina por Rabello Catavento:
Confetes de Kandinsky
Confetes de Catavento
Pano de Guardar Confetes
a subjetividade se perde na objetividade das máquinas
ResponderExcluirnarinha, a subjetividade se perde na objetividade do ser humano, afinal ele é o "criador", o ser pensante!
ResponderExcluirE o ser humano nada mais é do que uma máquina.
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