sábado, 18 de abril de 2009

Madrugada de terça-feira, 14 de abril de 2009

O Fiel Escudeiro
Por trás de um grande protagonista há sempre um fiel e descompassado companheiro. Isto ficou claro quando o correio do século XXI (não os pombos da Champ Elyseé) bateu à minha porta em códigos binários e me comunicou da maravilhosa convergência anunciada por meu destinatário no momento em que se encontrou nas palavras deste ignóbil narrador/personagem/gente... eu.
Cassavas e Ancelmo, Quixote e Sancho, Principito e O Aviador, Holmes e Watson, Vincent e Gauguin, Tin tin e Bilu, Tom e Vinícius, dentre outros. Não poderia ser diferente com Catavento, ainda mais com as notícias maravilhosas que chegam por sinais de satélite nessa rede espantosa e colaborativa na qual estamos enclausurados(?).
Heróis e amigos são denominações muito próximas, na minha percepção de fato que são. Acredito na minha existência por poder compartilhá-la. Contar insaciavelmente de minhas andanças e conjurar nossas andanças, meu amigo, me movimenta! Sem mais delongas, reconheço Henri Salinas Matisse, um verdadeiro sábio, performático, atrapalhado, abobalhado (às vezes) e de uma inteligência escrota (não há palavra mais adequada, desculpe-me o Sr. Aurélio!). Um discreto degustador de cachaça com uma origem extremamente única e características um tanto quanto desconhecidas por todos.
A Origem de Salinas
Salinas nasceu aonde gostaria de ter nascido caso pudesse escolher seu ponto de partida. Afinal, de que vale a ficção se não podemos recriar nossos sonhos e destinos?! Le Cateau-Cambrésis, ao norte da França, deu à luz (em 31 de dezembro de 1869) a Henri Salinas Matisse no final do século XIX. Nasceu de um parto prematuro com extremas dificuldades, na propriedade de seus avós e na ausência de seu pai, militar conservador francês que se encontrava na Argélia comandando legionários em expedições de manutenção do regime imperialista francês na corrida européia pelo domínio da África. Cresceu em Bohain-en-Vermando onde ao longo dos anos anunciava extremas dificuldades de aprendizado e entendimento racional do mundo, seu corpo crescia mas seu comportamento ainda se assemelhava ao de uma pequena criança.
Sua mãe e seu pai, militar aposentado nessa época, conduziam uma loja de sementes e uma drogaria. No imenso jardim de sua casa, ornado de todos os tipos de plantas exóticas de diversos países, Henri, em seus 8 anos de idade, manipulava sementes e plantas das quais espantosamente começou a extrair seiva e, em alguns casos, pigmentos coloridos e pegajosos como colas de guache. Concretiza seu primeiro encontro com a arte sem mesmo saber da existência de tal essência humana e através de seus dedos faz seu primeiro desenho. À partir desse momento, o espanto causado em seus pais deu-se cotidianamente.
Dos seus 8 aos 15 anos de idade, Henri, desenvolveu habilidades e olhares artísticos fantásticos e todo o seu retrocesso mental parecia ser nada mais do que uma negação comunicacional. De certo, o menino estava absorvendo o mundo à sua volta, mas em silêncio, à sua própria maneira e chocou a família quando estabeleceu uma inteligência e sabedoria voraz e insaciável, diferentemente do que o passado denunciava.
Demostrava admiração pelo estético e lúdico, pela forma humana e a condução de seus traços e musculatura o fascinavam. Aos 18 anos pinta um de seus grandes fascínios, a dança. Uma obra lúdica e cheia de movimentos como uma dança cósmica de corpos em um universo infindável n´um momento cíclico e astral belíssimo.

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